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sexta-feira, novembro 05, 2010

Ouvido desconhecido

Ontem fiquei na fila do correio, aguardando enquanto não iniciava o atendimento e um senhor que nunca vi na vida, puxou assunto e começamos a conversar. Na verdade escutei mais do que falei. Num determinado momento, todos da fila estavam de ouvinte das histórias de vida daquele senhor. Hoje fiquei lembrando e pensando que isso já tinha acontecido comigo algumas vezes, e cheguei à conclusão que estamos numa época solitária, onde ninguém conversa com ninguém e a necessidade de falar é tão grande que descarregamos todas nossas aflições, experiências felizes ou tristes e tudo mais que fica dentro da cabeça 24 horas, no primeiro desconhecido que cruzamos na estrada. Precisamos tanto de ouvidos atentos e solidários, que nem avaliamos se a pessoa deve ou não saber daquilo, tudo que para nós é importante demais. Mais analisando friamente a questão é muito bom poder falar com alguém que não conhecemos um ouvido neutro, uma pessoa que não julgará ou corrigirá pequenos exageros, um analista gratuito, que no fim das contas nem saberemos se iremos encontrá-lo novamente. Não sei se a culpa é da modernidade, já que aqui é uma cidade pequena sem o movimento das grandes metrópoles, ou se perdemos a confiança em dizer o que sentimos as pessoas que conhecemos a vida toda. Então só peço uma coisa aos meus leitores. Se encontrar alguém carente de ouvido, empresta o teu um pouquinho, no final isso contará pontos na hora de prestar contas com Deus, é uma caridade saber ouvir. Bjsss, comentem e ate amanhã.

2 comentários:

Paulo Tamburro disse...

OLÁ MARCIA,

ótima análise.

É verdade, quantos não são ouvidos.

Aliás, Marcia, você acabou de ser mais uma a concordar que o sucesso da intenet, blog etc... é exatamente, também a necessidade de preencher esta lacuna.

Um abração carioca.

Joseph disse...

Olá Marcia,

Gostei muito de ler este seu texto, porque a cena que você descreveu, acontece muitas vezes, e a sua interpretação sobre a vontade que as pessoas têm desabafar com desconhecidos, também me parece absolutamente certa.

Tenho uma prima que deve ter algo de especial, porque são tantas as vezes que alguém lhe conta os seus problemas, que eu penso que tem de haver qualquer coisa que a distingue na multidão.

Não há muita gente que saiba ouvir, mas é pena, porque existe uma quantidade enorme de solitários que precisam de ser escutados.

Abraço.